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Home›Artistas›Ai Weiwei: um artista cada vez mais conectado com as mudanças sociais

Ai Weiwei: um artista cada vez mais conectado com as mudanças sociais

Por Angela Nogueira
janeiro 27, 2018
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Boas cercas fazem bons vizinhos (“Good Fences Make Good Neighbors”), Nova York até 11 de fevereiro de 2018

Human Flow – filme lançado no Festival de Veneza de 2017

Quanto mais profundamente se procura entender o artista Ai Weiwei, mais nos deparamos com questões fundamentais relacionadas à existência humana: Quem e o que eu sou? Porque faço o que faço? De onde vim e para onde estou indo? São essas as questões que norteiam a rica e variada atividade criativa do homem Ai Weiwei.

Com um conjunto de instalações espalhadas pela cidade de New York até meados de fevereiro de 2018, o artista chinês Ai Weiwei, uma das maiores referências da arte contemporânea na China, levanta a questão polêmica entorno das cercas e fronteiras utilizadas mundo afora para criar algum tipo de ódio entre as pessoas.

O artista, persona non grata pelo governo de seu país, é conhecido em todo o mundo, principalmente por suas obras identificadas com os marginalizados e deslocados.  Suas críticas abertas ao governo chinês acabaram resultando em agressão física e posteriormente, em 2011, em sua detenção por 81 dias, sendo então liberado para prisão domiciliar, mas sem poder deixar o país por um grande período de tempo.

“Não me vejo como um artista dissidente”, diz ele. “Eu os vejo como um governo dissidente!”

Em Nova York, este seu último trabalho, amplia-se tanto em termos de extensão como de ambição:  são 300 obras, entre instalações, murais, banners e fotografias em grande escala, espalhadas por cinco municípios da cidade, com o objetivo de atrair os olhares para a crise dos refugiados, um tema polêmico nos Estados Unidos atual. É o seu maior projeto de arte pública até hoje e, também, um dos mais caros ao ativista, que tem uma relação especial com a cidade de Nova York.

“Nova York é uma cidade na qual vivi 10 anos.  Eu estava bastante hesitante em fazer um projeto aqui, porque eu amo tanto esta cidade que não seria fácil para mim colocar uma simples escultura… Eu tinha que fazer algo para demonstrar meu respeito, meu amor “.

Numa conferência de imprensa no Central Park, o artista explicou sua escolha ao usar cercas de forma simbólica tendo em vista a atual turbulência política mundial. Para ele, cercas ou territórios estão sempre relacionados a nós mesmos e com nossa atitude em relação aos outros. Ai Weiwei criticou ainda a política americana: ”Nos Estados Unidos, existem políticas para limitar os refugiados e para tentar afastar as pessoas que contribuíram de forma expressiva para esta sociedade, tentando construir um muro entre os EUA e o México, que é uma política impensável”.

“Não há tolerância, e estão tentando nos separar por cor, raça, religião e nacionalidade”, acrescentou. “É um retrocesso, contra a liberdade, a humanidade e a nossa compreensão do nosso tempo”.

Ai Weiwei escolheu colocar as obras em espaços públicos de muito movimento e também em locais com os quais desenvolveu uma relação enquanto morador da cidade. Três grandes instalações estão no Central Park, no Washington Square Park e no Flushing Meadows – Corona Park. Outras obras estão montadas em topo de prédios, em pontos de ônibus, em trechos de rua onde ele morou, em mercados que ele frequentava…

 ‘Gilded Cage’ na entrada do Central Park
foto: image © designboom

‘Circle Fence, no Unisphere no Queens
foto: image © designboom

‘Arch’, no Washigton Square Park

Weiwei Studio/ Frahm & Frahm.
foto: Jason Wyche.

Essa exposição foi promovida pelo Public Art Fund, a partir de quase 7 anos de conversas entre a instituição e o artista. Mas como Ai Weiwei teve seu passaporte confiscado pelo governo chinês até 2015, somente agora foi possível realizarem o projeto. No site abaixo, é possível acessar um mapa interativo para se saber informações sobre cada uma das obras. Além disso pode-se ler sobre histórias de pessoas que deixaram seus países, e compartilhar sua história, se for o caso.

https://www.publicartfund.org/ai_weiwei_good_fences_make_good_neighbors/map

 

Human Flow 

Conhecido como um dos artistas mais provocadores do mundo, Ai Weiwei desenvolve um trabalho que confronta de forma corajosa questões políticas e sociais contemporâneas, tanto na China como no exterior. Ativista, arquiteto, curador, escritor, cineasta e artista plástico mais famoso da China, a prática de Ai Weiwei atravessa várias disciplinas, incluindo escultura, obras públicas, filmes, música, poesia, fotografia e redes sociais. Sua fama atraiu mais de meio milhão de visitantes para suas páginas de twitter e Instagram e ele usa essas ferramentas, por vezes com ironia e humor, com efeito desorientador, para chamar a atenção para sérias questões humanitárias e para a constelação das forças do estado em torno delas.

Suas ações o colocaram no centro da discussão global sobre liberdade de expressão e o papel dos artistas em promover mudanças sociais. Ai Weiwei é hoje uma das maiores expressões na defesa dos refugiados de todo o mundo e aborda este tema também em seu filme recentemente lançado no Festival de Veneza, Human Flow, em exibição em vários países, inclusive aqui no Brasil.

“O mundo está mudando. Isto é um fato. Artistas trabalham duro desejando mudar o mundo de acordo com suas próprias aspirações. A arte nos permite fazer as perguntas corretas através da nossa percepção visual e de nosso feeling. Fazendo isso, somo capazes de questionar os elementos essenciais, nossos processos mentais”.

Após anos sob vigilância do governo de seu país, Ai Weiwei finalmente deixou a China em 2015. Um refugiado ele mesmo, atualmente reside em Berlim, o epicentro da crise mundial dos refugiados, e se tornou empático para mais de um milhão de imigrantes que entraram na União Europeia desde 2015 fugindo da guerra, do terrorismo ou da fome no Oriente Médio e na África.

Nos últimos anos o artista visitou campos de imigrantes e a costa do Mediterrâneo para testemunhar o local de chegada e as condições de vida dos muitos refugiados do mundo que foram deslocados à força de suas casas. Seu documentário Human Flow inclui filmagens em 23 países, nos quais Ai e sua equipe visitaram mais de quarenta campos de refugiados e Ai pessoalmente realizou mais de cem entrevistas, incluindo conversas com refugiados, médicos, representantes de ONGs e políticos.

Durante as filmagens, Ai usou seu telefone para tudo fotografar, acumulando mais de 17.000 imagens das pessoas que encontrou e de lugares onde esteve. Esse enorme número de imagens reflete a indescritível escala de deslocamentos e a impossibilidade de descrever o alcance do sofrimento humano em uma única narração.

Tudo começou em uma viagem de férias com seu filho à ilha grega de Lesbos, onde ele viu cenas que o deixaram sem palavras. Um bote se aproxima, mulheres saltam, um bebê é carregado de mão em mão, ninguém os recebe nem os ajuda. Ele começou então a filmar e a também a conversar com as pessoas, ouvir suas histórias. “Eles não falavam o mesmo idioma e os gregos não podiam se comunicar com eles. Era como se tivessem chegado de Marte”, relata Ai Weiwei.

“Eles tiveram que caminhar 70 horas para chegar ao ponto de registro. Eles dormem na estrada. Eles ficam sentados na chuva. Isso me deixou tão curioso. Eles são pessoas orgulhosas. Eles têm dignidade. Eles não são mendigos. Eles chegaram aqui para sobreviver. Eles não estão pedindo piedade”

Ao ler uma entrevista de Ai Weiwei sobre o processo de realização do filme, achei muito interessante o que ele colocou, sobre a complexidade de fazer um documentário que fosse capaz de cobrir histórias tão complexas e diferentes, algumas delas envolvendo diversas gerações e outras sobre refugiados que teriam deixado suas casas recentemente. Apesar dele já ter produzido inúmeros pequenos filmes com foco nos direitos humanos e disponibilizá-los online de forma que pudessem ser imediatamente vistos, este novo trabalho trazia um imenso desafio. A situação do tema mudava constantemente, e ele sentiu necessidade de criar uma estrutura que pudesse dar conta de tantas perspectivas mutáveis. Foi então que lhe veio a ideia de “fluxo humano”, numa expressão visual poderosa de uma migração humana maciça. Com a câmera montada acima do fluxo humano, imagens memoráveis são tiradas no ar ou a partir de ângulos elevados, tornando o filme se torna mais potente pelo movimento das pessoas que seguem sempre em frente.

Ai Weiwei apresenta as histórias buscando não as relevar individualmente e sim enfatizar-lhes a semelhança. Ele entende a dificuldade de entrevistar essas pessoas, não só pela barreira do idioma, mas também por terem sido arrancadas do seu contexto cultural. Esses imigrantes estão ainda privados de sua identidade como indivíduos. Ao invés de articular a “humanidade”, ele traça a sombra da “desumanidade”; sem ignorar os momentos de alegria que podem ser encontrados nos campos de refugiados, ele se debruça sobre o tédio que envolve essa dura experiência. Ao colocar um ônus maior nas imagens, ele as deixa fazer o trabalho de impulsionar a empatia, de nos fazer entender o que é ser um imigrante em termos humanos.

“I had to be there,” Ai said, “or else I would be speechless. I would not be entitled to talk about the situation because I just wouldn’t know it. I had to meet the people, I had to look at them face-to-face, ask them questions, make some jokes with them… it’s the only way to understand a situation. Otherwise I would be scared or mad or threatened for the rest of my life.”

Ao se envolver de forma tão profunda com o tema, mas sem nos oferecer respostas, a câmera de Ai Weiwei nos mostra o quão grande é o problema e que a migração é, em si, uma nova condição das forças do mercado global com possíveis consequências tão traumáticas como as provocadas pela guerra mundial.

Para saber mais sobre o artista: EM BREVE

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