Viaje Arte

Main Menu

  • Home
  • Artistas
  • Museus
  • Quem Somos
  • Contato

Viaje Arte

  • Home
  • Artistas
  • Museus
  • Quem Somos
  • Contato
Artistas
Home›Artistas›Man Ray

Man Ray

Por Sheila Veloso
maio 11, 2020
582
2
Compartilhar:

Man Ray em Paris 

 CCBB – São Paulo 21/8 a 28/10/2019 ;  

CCBB BH   11/12/2019 a 17/02/2020 ; 

CCBB Curitiba Museu Oscar Niemeyer, a partir de 3/12/2019 (Fechada)

Man Ray et la Mode 

Musée du Luxembourg,   23/09/2020 a 17 /01 2021 (Abertura transferida)

Estamos em tempos da pandemia de coronavirus. Eu havia planejado uma viagem, com toda a familia, para festejar meus cinquenta anos de casada, e, claro o destino seria Paris,  ça va sans dire.Nem tudo é como a gente planeja, mas  nós sempre teremos Paris, já diria Bogard, no filme Casablanca.

A exposição Man Ray em Paris não se apresentou no Rio e eu, nem sei exatamente por que não me planejei para vê-la nos estados em que se apresentou. Foi ou ainda será apresentada, pois a exposição de  Curitiba foi interrompida pela pandemia, a primeria retrospectiva de Man Ray no Brasil. Felizmente, eu fui ao lançamento do catálogo da exposição na livraria da Travessa  em Ipanema com palestra de uma das curadoras da Exposição : Emmanuelle de l’Écotais. Foi ótimo e a partir dessa palestra tive a idéia de escrever sobe Man Ray aqui.

Como disse, estava planejando ir para Paris e uma das exposições que estava na minha lista era sobre Man Ray e a Moda, que depois de se apresentar em Marselha, iria para o Museu do Luxembourg, um dos meus « queridinhos »,  em Paris.

A exposição Man Ray e a Modamostra a relação de Man Ray, fotógrafo e pintor surrealista,  com a Moda, a partir dos anos 20 em Paris, trabalhando em parceria com  os  grandes costureiros da época, tais como Poiret e Chanel,  e para as maiores revistas de moda, como Vogue, Vanity Fair e Haper’s Bazaar.

Man Ray  introduz uma nova estética, fotografando os modelos usando suas técnicas criativas e inovadoras de fotografia, fazendo com que os modelos  interajam com os objetos de cenografia em situações oníricas,  técnica essa que ainda hoje é utilizada nas  revistas e na propaganda de moda. 

Man Ray se dizia pintor quando chegou a Paris em 1921, mas para se manter, já que suas pinturas  não vendiam, recorreu a  fotografar para revistas comerciais. 

Ele  sempre escondeu  esta sua faceta, pois achava demérito fotografar para esta mídia, alegando, segundo Alain Sayag, especialista na obra de Man Ray, que “um artista não pede esmolas para revistas comerciais”Talvez esta seja a razão pela qual se conhece pouca coisa da produção fotográfica de Man Ray com a moda hoje em dia. Por exemplo, uma foto famosa de Chanel vestindo um vestido preto, com seus inseparáveis colares de pérolas, fumando um cigarro, de perfil, é de autoria de Man Ray, mas  pouca gente, até no mundo da moda, conhecia  sua autoria até há pouco tempo.

Man Ray é conhecido como fotógrafo surrealista e sua relação com a moda, tem sido negligenciada a um plano secundário. No entanto, a enorme popularidade de Man Ray como fotógrafo de arte se deve grandemente à moda.

Sob o olhar de Man Ray, a foto de moda não se restringe simplesmente a mostrar as últimas criações dos costureiros, mas ela transmite a história da mulher que as veste, num cenário onde a realidade e o imaginário se confundem. Daí, a pegada surrealista transmitida pelas  fotos de moda.

Por outro lado, o trabalho para publicidade de moda permitiu a Man Ray financiar seus experimentos inovadores na história da fotografia. Seus primeiros ‘’Rayogramas’, fotos obtidas sem a máquina fotográfica, pela interposição de um objeto entre o papel fotográfico e a fonte luminosa, apareceram pela primeira vez numa série de fotos que ele fez para a Vanity Fair.

A exposição do museu do Luxemburgo tenta resgatar a relação de Man Ray com a moda e mostrar a  influência de mão dupla entre a fotografia de Man Ray e a moda. 

No que se segue vou localizar Man Ray no mundo da fotografia artística  nos movimentos Dada e Surrealismo, sua vida em Paris.   A  relação da fotografia de Man Ray e a mulher vai ser assunto de um novo artigo que aparecerá em breve. 

Primeiros anos em Nova York

Man Ray nasceu na Filadélfia em 1890, filho de imigrantes judeus, de origem russa, com o nome de Emmanuel Radnitsky. Man Ray é um apelido que ele se deu, em 1911, formado por seu verdadeiro nome: Man, parte de seu nome do meio Mannie e Ray de Radnisky.Man Ray tinha pendor artístico desde pequeno. Diz a lenda que quando criança previa que seria pintor como Leonardo (da Vinci). 

Man Ray cresceu em Nova York, no Brooklyn. Na adolescência estudou história da arte, e no fim do curso secundário, não procurou trabalho, exercitando-se em casa, fazendo colagens com retalhos provenientes do trabalho de seu pai, que era alfaiate. Ele estudou engenharia, arquitetura e arte, tornando-se pintor.

Sua juventude em Nova Iorque é um prenúncio do que seria sua vida em Paris nos “anos loucos” do entreguerras. 

Jovem, com 20 anos, Man Ray frequenta o recém inaugurado Centro Ferrer, um centro social anarquista, que promove vários eventos culturais de arte de vanguarda e eventos sobre política radical, e que ministra cursos de forma caótica sem seguir nenhum planejamento.  Man Ray também frequenta a galeria de arte 291 de Alfred Stieglitz, descobrindo aí a vanguarda artística novaiorquina. Esta galeria e a revista de mesmo nome, de Alfred Stieglitz se dedicavam ao que havia de mais moderno na arte contemporânea, e os artistas que ali expunham ou colaboravam objetivavam   perturbar a estética, os preconceitos e as hierarquias artísticas pré-estabelecidas. 

Man Ray, influenciado por filósofos transcendentais americanos, em particular pela obra de Henry Thoreau  “Walden ou a vida no bosque”, resolve sair da cidade e morar no campo, em Ridgefield, Connecticut, numa casa co-habitada por vários artistas, trabalhando como desenhista publicitário.

Em 1913, acontece em Nova York um grande evento artístico, o Armory Show: a primeira exposição de arte moderna nos Estados Unidos, que foi um divisor de águas. Obras dos artistas europeus dos movimentos, tais como Fauvismo, Cubismo e Futurismo e outros mais contemporâneos, são expostas pela primeira vez e causam um verdadeiro furacão no cenário artístico americano, acostumado à arte realista. 

Man Ray visita o Armory Show e aí descobre as obras de Marcel Duchamp e Picabia, pintores que eram seguidores do movimento dadaísta. Influenciado pelo que viu no Armory Show, Man Ray pinta seu primeiro quadro cubista, o retrato de Alfred Stieglitz.

Nesta época Man Ray conhece em Ridgefield, Adon, mulher liberal, casada e mãe de um filho. Ela se separa do marido e vai morar com Man Ray, casando–se com ele. Ambos se envolvem com arte e vivem uma paixão desenfreada, compartilhando e intercambiando seus intereses artísticos de forma muito produtiva. Adon era poeta e introduz Man Ray à poesia francesa, apresentando-o às obras de Baudelaire, Rimbauld, Apolinaire, Lautréamont, e outros poetas que muito serão apreciados pelos surrealistas num futuro próximo em Paris. Man Ray caligrafa os textos de Adon e os enriquece ilustrando-os com desenhos e litografias. 

Em, 1915 em Ridgefield, Man Ray encontra Duchamp, artista francês reformado de guerra, que visita os Estados Unidos, distanciado-se do ambiente na Europa. A amizade entre os dois vai durar pela vida toda.

Pouco depois Man Ray muda-se de volta para Nova York com Adon e participa da inteligenzia novaiorquina onde encontra artistas franceses expatriados.  

Funda com Duchamp o Movimento Dada de Nova York. 

Faz vários experimentos com suas pinturas, o que o aproxima do movimento Dada: “La danseuse de cordes accompagnée de ses ombres”(A equilibrista acompanhada por suas sombras), quadro onde o espaço é desestruturado e é redefinido através de linhas precisas, por papéis recortados formando as sombras coloridas; “Portas Giratórias”, colagens sobre um eixo com dobradiças, de forma que as colagens podem ser manuseadas e folheadas, sendo vistas uma a uma; pinturas com pistola, que ele chama de aerografias são experimentos desta época.


La danseuse de cordes accompagnée de ses ombres

Logo, logo, Man Ray e Duchamp trabalham em parceria. Man Ray comprou uma máquina fotográfica com o intuito de fotografar seus trabalhos, mas cria com Duchamp fotografias que se afastam dos objetos fotografados. São desta época as fotos de Duchamp do seu duplo feminino, Rrose Sélavy, que se pronuncia Erros c’est la vie (Eros, isso é a vida), vestido de mulher e maquiado. 

Marcel Duchamp, Marcel Duchamp as Rrose Sélavy, 1921
© 2000 Succession Marcel Duchamp ARS, N.Y./ADAGP, Paris

Também, a partir dos ready-made de Duchamp, May Ray fotografa e cria novas obras de arte (Integração de Sombras, Abajour, etc.). Interessantíssima é a foto “Criação de poeira”. Duchamp tinha deixado o Grand Verre (Grande vidro), ainda inacabado, no canto de seu ateliê e alguns detritos tinham acumulado sobre o vidro, tais como poeira, chumaços de algodão e lenços de papel que haviam sido usados para limpar as partes que já estavam concluídas. Man Ray tirou uma foto de cima para baixo, com pouca luz e grande exposição, o que resultou numa estranha paisagem aérea de um terreno, onde o pó e os chumaços de algodão parecem ser nuvens que tapam constuções invisíveis da paisagem.

Assim, a fotografia, que seria uma forma de apropriação da realidade, torna-se um meio propício para explorar uma outra realidade.

Élevage de poussière, 1920
Image ©Man Ray et Marcel Duchamp

Também, Man Ray e Duchamp se aventuram no cinema. Pelo título do filme que fizeram juntos, “Madame la Baronne Elsa von Freytag Loringboven se rase le pubis” (Madame a baronesa Elsa Von Freytag Loringboven raspa seu púbis), pode-se imaginar o conteúdo do filme e a crítica desfavorável que recebeu. 

Em junho de 1921 Marcel Duchamp deixa Nova York voltando para Paris e em julho, Man Ray o segue, só, já que seu casamento com Adon havia terminado em 1919. 

Anos mais tarde, Man Ray, numa carta para Tristan Tzar, o fundador do DADA em Zurique, teria escrito “Dada não pode viver em Nova York” e isso reflete exatamente que Man Ray, contestador, arnaquista, revolucionário, partidário de uma desmistificação dos valores artísticos tradicionais não poderia viver em Nova York. 

O movimento Dada surgiu, em 1916, quando o cabaré Voltaire abriu num café em Zurique na Suíça. O Cabaré foi idealizado por seu criador para ser o transmissor de ideias radicais que surgiam na época da Primeira Guerra Mundial num pais  neutro.  Vários artistas revolucionários foram atriaídos para lá, onde liam alto suas poesias e discutiam novas formas de arte que não tivessem qualquer base racional. Lá eram representadas peças teatrais e exibidas obras de arte cujo objetivo era desagradar e chocar o espectador. Em abril de 1916 um periódico, com nome DADA, foi criado e publicado com o objetivo de divulgar pelo mundo o espírito reinante no Cabaré.

O nome DADA não tem nehuma conotação revolucionária ou intelectual: em romeno quer dizer “Sim, Sim; em fancês refere-se ao brinquedo balancinho com forma de cavalo. Mas o nome pegou. O espírito DADA apareceu em Nova York, difundido pelos ready-made de Duchamp e pinturas de  Picabia e Man Ray. Na França, teve boa repercurssão entre os futuros escritores surrealistas André Breton, Paul Éluard, Arago entre outros. 

Um Americano em Paris

Man Ray, 31 anos, chega em Paris, sem emprego nem dinheiro.   É recebido de braços abertos por Duchamp, que logo lhe apresenta a toda turma de seus amigos: 
os escritores Louis Aragon, Robert Desnos, André Breton, Paul Éluard, Philippe Soupault, e o compositor Erik Satie. Dentre estes, André Breton e Éluard tornam-se seus amigos para a vida inteira. Man Ray interage bem com os grupos Dada e dos surrealistas, transitando entre os dois sem, contudo, se integrar a nenhum dos dois.

Sem recursos, Man Ray começa a fotografar as obras de seus novos amigos para ganhar a vida, mas sempre, ao final da sessão de fotografia das telas, ele tira um retrato do autor das obras.

Os primeiros retratos eram tirados à luz do dia ou na casa dos fotografados, sem muita técnica. Depois ele monta um pequeno estúdio onde podia tirar proveito do recursos de luz no ateliê.

A fotografia no fim do século XIX / início do XX não era considerada arte. Os fotógrafos eram vistos como pintores frustrados, porém as técnicas desenvolvidas por Man Ray tais como superposição e solarização (ver abaixo) garantem seu sucesso e notoriedade.

Muito interessante é ver como o sucesso veio, não só pelo talento de Man Ray, mas, também, através da rede de influências que se formou em torno dele.  

A Marquesa Casati surgiu um belo dia no pequeno estúdio de Man Ray para ser fotografada por ele. 

Para se ter ideia de quem era a marquesa Luisa Casati, ela foi por 3 décadas a estrela de maior brilho na sociedade europeia. Foi pintada, esculpida e fotografada por uma sucessão de artistas de renome, possivelmente, em busca preservar a notoriedade mesmo  depois de sua morte. 

Ela era uma mulher riquíssima, bonita e excêntrica, que usava cobras como jóias e tinha como animal de estimação leopardos, que ela trazia na coleira enfeitada por diamantes. 

Pois bem, esta mulher, que causava alvoroço na vida noturna parisiense, foi patrona dos Balés Russos, e se vestia pelos maiores costureiros, tais como Poiret e Fortuny, queria ser fotografada pelo recém-chegado fotógrafo Man Ray em seu pequeno estúdio. 

A foto de Luisa Casati fez tanto sucesso, o número de clientes cresceu de tal forma que, em seis meses, obrigou a Man Ray a alugar um ateliê fotográfico de verdade para receber seus clientes adequadamente. Toda a vanguarda parisiense posa para Man Ray, tanto artística quanto a aristocracia antenada.

Man Ray, “Divine Marchesa” Luisa Casati, 1922, private collection

A fama de Man Ray chegou ao maior mecenas de arte moderna da época, o Conde Étienne de Beaumont, que o chamou para fotografar os convidados de um de seus bailes. Os bailes do conde eram frequentados por ‘tout Paris’, isto é, pela nata da sociedade e pelos artistas de maior destaque de Paris.

Man Ray- Ultima aparição pública de Luisa Casati vestida  
como Sissi, a Imperatriz, num baile de máscaras do conde Étienne de Beaumont em 1935. 
(crédito Alamy)

Pronto estava feito o caminho de sucesso e de uma vida confortável.

Man Ray e a Moda

Possivelmente foi Paul Élouard, escritor surrealista dandy quem apresentou

Fotografia como arte, em 1924. Man Ray à Paul Poiret, costureiro queridinho da alta sociedade parisiense.

Naquela época não existiam modelos de moda, e Man Ray fotografou as mulheres famosas clientes de Poiret. Além do que,  nos bailes de máscaras, os costureiros aproveitavam para mostrar suas criações, e como vimos acima, Man Ray era assíduo desses eventos.

Man Ray se inspirou no surrealismo obtendo enquadramentos injusitados e usando técnicas até então ignoradas, que causavam até certo estranhamento, agradou as melhores revistas de moda da época.

Dois momentos marcaram a contribuição de Man Ray com a moda: de 1924 a 1930, trabalhando principalmente para a revista Vogue e de 1935 a 1944 contribuindo prioritariamente para a Harper’s Bazaar.

Em 1925 na Exposição International de Artes Decorativas um pavilhão foi montado, o Pavilhão da Elegância, com manequins feitos de madeira e cera, pintados de diferentes cores, dourado, prateado, vermelo, etc., vestidos com roupas dos grandes costureiros, montados com poses naturais da mulher parisiense: de pernas cruzadas ou de costas, subindo uma escada, elegantemente.

 Pois bem, a Vogue mandou Man Ray fotografar o Pavilhão de Elegância. Ele usa sua inventividade e sua tendência à experimentação para criar um estilo totalmente novo, usando todos os meios à sua disposição. Por exemplo, a luminosidade ressalta a transparência dos tecidos, os outros meios usados com genialidade produzem fotografias deslumbrantes e desconcertantes. A foto que ele tira do manequim sentado de pernas curzadas confunde o espectador, que fica sem saber se o manequim é de carne e osso ou um boneco. Esta foto correu mundo, nas três edições da Vogue, a francesa, a inglesa e a americana, resultando no reconhecimento internacional de Man Ray.

Em 1934, Man Ray é contratado pela Haper’s Bazzar e passa a fotografar sistematicamente para esta revista de luxo, fazendo fotos que acompanham a liberação do corpo feminino, fotografando celebridades do mundo do entretenimento e da literatura, sem contar com as da moda, tais como Chanel e Schiaparelli. 

Fotografia como arte

Como já foi dito várias vezes aqui, Man Ray considerava–se mais pintor do que fotógrafo e entrou na fotografia para se sustentar.

No entanto, a sorte e sua vontade de não se acomodar foram providenciais para que ele criasse a fotografia artística.

Em  1922 ele publicou o livro “Les Champs Délicieux” (os Campos Deliciosos) com o resultado de suas experimentações fotográficas sem o uso da máquina fotográfica. O princípio consiste em apoiar um objeto num papel fotográfico exposto à luz por alguns segundos e depois revelá-lo normalmente.  A imagem do objeto aparece em branco num fundo preto do papel.

Man Ray. Revolver com letras de stencils, 1924 

Man Ray chama esse procedimento de Rayograma (a partir de seu nome) ou fotograma. Esta não é uma técnica exatamente inventada por Man Ray, mas aperfeiçoada por ele, a partir de experimentações de Cristian Schad, pintor alemão que fugiu para a Suíça na época da Primeira Guerra e se asssociou aos Dada. A diferença entre o Rayograma e o que Schad desenvolveu é que neste, a revelação era à luz do dia, com escurecimento direto em cima do papel, enquanto que Man Ray trabalhava numa câmara escura; só depois de revelado é que o rayograma podia ser observado. Também, o fato de o papel ser exposto à luz enquanto na câmara escura, permitia a Man Ray estudar o efeito do tempo de exposição à luz na revelação final e controlar a exposicão, dando ao resultado final não só preto e branco, mas uma gradação de cinzas. 

Man Ray, Untitled rayograph, 1922, Courtesy of Museum of Modern Art, New York, USA.

O interessante é que Man Ray tinha um ar non-chalant, com respeito à fotografia, no entanto, ele conduzia na sua câmara escura um sem número de experimentos óticos e químicos até o seu produto final, explorando a elasticidade da luz e o que ela revela ou deixa de revelar, quando ele coloca objetos translúcidos e opacos sobre um papel fotográfico. Rayogramas encantaram os surrealistas, já que a forma do objeto no rayograma muitas vezes não tem nada a ver com a forma do objeto original, deixando a imaginação de quem vê, preencher as lacunas.

Outra técnica desenvolvida e explorada por Man Ray foi a “solarização”. Esta técnica quebra o que sempre foi a regra de ouro da fotografia: não acender a luz enquanto revelando  uma fotografia. Na câmara escura, Man Ray momentaneamente pisca as luzes o que provoca um contorno no objeto fotografado como se fosse uma aura de luz.

 Primat de la Matière sur la pensée,Man Ray, 1929

Fotos com solarização fizeram o maior sucesso, tanto nos retratos, onde as pessoas fotografadas pretendiam ver sua aura, como na fotos de moda, onde o contorno das roupas ganhavam um  « upgrade », e entre os surrelistas, que se encantavam com o fato de o resultado da solarização, assim como dos rayogramas, criavam uma nova realidade a partir do objeto fotografado.

Aqui vamos fazer uma pausa.

 Quer conhecer a história das diversas amantes de Man Ray ? Elas eram muito mais que apenas musas…

No próximo artigo vamos conhecer as musas inspiradoras de Man 
Ray e os efeitos em sua obra fotográfica.

Artigo Anterior

Gurlitt: os piratas de arte da era ...

Artigo seguinte

Man Ray e as mulheres

0
COMPARTILHAR
  • 0
  • +
  • 0
  • 0
  • 0
  • 0

Artigos relacionados Mais sobre o autor

  • Artistas

    César Baldaccini – uma biografia

    abril 9, 2018
    Por Angela Nogueira
  • ArtistasMuseus

    Museu Camille Claudel, Parte II

    junho 23, 2017
    Por Sheila Veloso
  • Artistas

    David Hockney: retrospectiva 60 anos

    julho 3, 2017
    Por Angela Nogueira
  • Artistas

    Hokusai: Biografia

    julho 25, 2017
    Por Angela Nogueira

Recomendados pra você

  • Museus

    Sobre o MASP e Assis Chateaubriand

  • Artistas

    Degas, Dança e Desenho. Homenagem a Degas com Paul Valéry

©2017 ViajeArte. Todos os direitos reservados