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Museu Camille Claudel, Parte II

Por Sheila Veloso
junho 23, 2017
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No post Museu Camille Claudel, parte I falamos sobre os primeiros anos de Camille Claude, como ela conheceu Rodin e se tornou sua amante.

Como essa relação evoluiu?

Promessa de casamento, Rose e L’Isette

A relação amorosa entre Camille e Rodin não foi tranquila. Primeiro, porque ela morava com sua família e e ele com sua companheira de toda vida, Rose Beuret. Ela era bem mais velha que Camille (tinha 3 anos a menos que Rodin), tinha um filho com Rodin, que nunca foi reconhecido por ele, tinha sido sua modelo quando joven, no início difícil de sua carreira, e era uma espécie de governanta: cuidava de sua casa e de suas esculturas nos ateliês, quando ele viajava. Nem Rodin nem Camille poderiam assumir seu caso amoroso publicamente. Camille tinha ciúmes, não somente de Rose, mas também das modelos, que geralmente posavam nuas no ateliê.

Pouco resta da correspondência entre Rodin e Camille. Uma das poucas cartas que foram preservadas, escrita depois de uma discussão entre os dois, em torno de 1886, mostra o estado completamente apaixonado e desesperado de Rodin.

Ele se endereça a Camile como ma feroce amie (minha feroz amiga) e aqui vê-se uma amostra de seu estado de espírito.  Rodin admite abandonar seu Salão e escultura para esquecer Camille, mas ao mesmo tempo não poder ficar um dia sem a ver. Finalmente, desesperado, ele confessa que é ela que lhe dá suporte e que a respeita acima de tudo, sendo esta uma das causas de sua violenta paixão. Ainda, pede que Camille que não trata tão impiedosamente, já que ele demanda tão pouco dela.

« … Camille, ma bien aimeé, malgré tout,…

Pour quoi tu ne me crois pas? J’abandonne mon Salon, la sculpture. Si je pouvais aller a n’importe où, au pays où j’oublierais, mas il n’y en a pas. Il y a des moments où je franchement je crois que je t’oublierai. Mas en un instant, je sens ta terrible puissance prié méchante. Je n’en puis plus, je ne puis plus passer un jour sans te voir. ….

Je t’embrasse les mains mon amie, toi qui me donnes des puissances si élevées, si ardentes, près de toi, mon âme existe avec force et, dans sa force d’amour ton respect est toujours au-dessus. Le respect que j’ai pour ton caractère, pour toi ma Camille est une cause de ma violente passion, ne me traite pas impitoyablement je te demand si peu .. . »

Mas não era pouco assim o que ele pedia de Camille.

Seu caso amoroso foi descoberto por sua família, provavelmente por seu irmão Paul. Sua mãe não aceitou e a expulsou de casa, para que sua presença não virasse um motivo de escândalo. Ela passa a morar num apartamento cujo aluguel era pago por Rodin. Os amigos deste acabam por reconhecer que a aluna Camille é a sua companhia oficial, mas apesar de Rodin tentar promover as obras de Camille, essas eram vistas à sombra das suas.

No auge da paixão, Rodin redige um contrato para Camille, onde se misturarm aspectos profissionais e particulares. Profissionalmente, ele estabelece as fundações de uma relação privilegiada com o maior escultor da época: exclusividade de aulas particulares ; apresentação a pessoas influentes e a eventuais compradores ; ajuda para introduzir as esculturas de Camille nas exposições e nas críticas dos jornais importantes. Particularmente, Rodin, diante do ciúme de Camille, se propõe a não tomar como modelo nenhuma das modelos que ele havia conhecido e, mais importante que tudo, prometia casar-se com ela depois de uma viagem a dois ao Chile ou à Itália por 6 meses.

Claro que esse contrato não foi cumprido, Rodin não conseguia viver sem Camille, mas também não podia dispensar Rose (talvez por comodismo, ou por um sentimento de dever, pelos momentos difíceis que viveram juntos na juventude). Aliás, Rodin manteve o relacionamento com Rose até o fim de sua vida, casando-se com ela. Ela morre duas semanas após o casamento, aos 77 anos.

Rodin, no entanto, cumpriu a promessa de promoção do trabalho de Camille, que a animou a se empenhar num trabalho de fôlego : Sakountala. Esse trabalho é frequentemente comparada à escultura o Beijo e ao Eterno Ídolo de Rodin. Sakountala é inspirada num drama hindu do século V: um rei se apaixona pela jovem Sankoutala e lhe dá uma anel de casamento. Mas por causa de um feitiço, ele passa a não reconhecê-la como sua mulher, forçando-a a se esconder numa fonte para dar a luz a seu filho. Só o anel, perdido num lago, poderia trazer a memória de volta ao rei. Anos depois o anel foi encontrado, o que permitiu que os dois amantes se reunissem.

Camille registra a cena do reencontro dos dois amantes, transmitindo erotismo, carinho e abandono à cena. A versão em bronze da escultura, feita anos depois, é conhecida pelo nome L’Abandon (O Abandono).

Sakountala
Escultura em mármore.
Museu Rodin. Domínio público

Camille certamente se identificava à história de Sakountala, tendo se entregado à Rodin, mas tendo que esconder da sociedade seu envolvimento e esperando que algum dia Rodin a reconhecesse como sua companheira e mulher.

A viagem ao Chile ou à Itália não se concretizou e após o contrato, a Camille resolvida e impaciente de antes se transforma numa mulher dependente dos desejos do amado, chegando até mesmo a se conformar em compartilhar Rodin, cuja reputação de mulherengo era conhecida.

Após a saída da casa da família, Camille podia viajar mais livremente, mesmo que por períodos curtos, e passar mais tempo no ateliê com Rodin, chamado Folie Le Preste, na rua d’Italie a poucos passos de seu apartamento e mais distante daquele que Rodin compartilhava com Rose.

Numa dessas viagens eles descobrem um castelo, L’Isette, em Touraine, onde irão passar os verões a partir de 1889, ainda que, por vezes, Rodin vá para Paris por um tempo, enquanto Camille continua em L’Isette. Os primeiros verões foram bem felizes e Camille menciona mesmo que, se ele cumprir a promessa (possivelmente de estar com ela lá) eles encontrarão o paraíso.

Em 1892 Camille se cansa dessa situação de ‘outra’ e dá-se a separação. Esta não é fácil para nenhum dos dois. Camille aluga um apartamento, passando a viver só e deixa o ateliê de Rodin. Em maio, ela vai sozinha para L’Isette, aí ficando vários meses, possivelmente se recuperando de um aborto. Nesta época a neta da proprietária de L’Isette posa para um busto que vai ser trabalhado e modificado diversas vezes por alguns anos e fica conhecido como a Pequena Castelã (La petite Châtelaine).

Esculpturas de Camille Claudel, La Petite Châtelaine, 1892-1896, “Au miroir d’un art nouveau” no Musée d’Art et d’Industrie de Roubaix dito “la Piscine”, Roubaix, France. Foto de Pierre André.
Arquivo uploaded com Commonist.

 

Por sua vez, Rodin faz seu último busto de Camille, cujas mãos lembram um gesto de adeus. Rodin tenta ainda manter contato com Camille, tanto infuenciando positivamente o meio artístico sobre seu, quanto fazendo visitas a seu ateliê. Mas Camille, talvez no início de seu processo mental doentio, pede que ele não a visite mais, com medo de ter suas obras copiadas por Rodin.

 

Como foi a carreira solo de Camille?

Trataremos isso próximo post sobre Camille. Até lá.

 

TagsEscultura
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